As obras de Maurício Ferreira levam a refletir sobre o sentido da criação estética. Suas obras geram um pensar o ato do fazer como uma ação que se afasta do esotérico ou divino e se concretiza em uma densa pesquisa do significado de ser humano. Trata-se de ver, em suas pinturas, sangue e carne, não no sentido literal, mas simbólico.
Sua composição, tonalidades, formas e uso de linhas e
manchas remetem à História da Arte enquanto busca permanente por referências.
Não existe, portanto, uma filosófica apresentação de sistemas ou doutrinas
românticas fundamentadas na dor e no sofrimento como formas de conhecimento do
mundo.
A sua arte é a das cores, dos desenhos, dos volumes e dos
diálogos entre equilíbrios e desequilíbrios. A imaginação se faz presente,
assim como a incorporação do acaso, mas dentro de uma instigante batalha
interna para buscar aquilo que possa melhorar o próprio ser humano no sentido
de atingir o belo enquanto ideal.
Não se trata de uma concessão ao chamado bom gosto, mas de
um percurso que aproxima pintura e escrita como dimensões regidas pela procura
pelo aprimoramento, pelo fascínio pela liberdade criativa e pelo o
aperfeiçoamento das próprias concepções em cada novo trabalho, resultado dos
conhecimentos anteriores e da procura por novos.
A arte de Maurício Ferreira comporta a dimensão musical de
ser uma espécie de pássaro raro, aquele que canta e obriga o observador a
navegar mentalmente em duas dimensões: para dentro de si, para ouvir melhor o
som, e para fora, para ter a percepção como cada trabalho constitui uma
distinta e renovada interpretação do mundo.
Imagem: Infortúnios, 2023 Maurício Ferreira (@mauricioferreira.artesvisuais) desenho em lápis Crayon sépia sobre papel Canson 200 g 594 x 420 mm
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