Uma obra de arte está além da busca de um conceito de beleza. Platão falava em “eudaimonia”, que seria algo próximo de “satisfação”, ou seja, uma sensação de estar vivo que inclui tanto períodos de alegria como de tristeza. Nesse aspecto, o fazer visual seria resultado muito mais de um pensar do que de uma repetição de fórmulas que aparentemente funcionam ou de paixões sem freio.
Acima de tudo, para o filósofo grego, estaria o “conhecer a
si mesmo”, ou seja, um apaixonar-se por aquilo que se pode buscar
permanentemente pelo autoconhecimento e pela procura daquilo que nos falta a
ser encontrado nas outras pessoas e no mundo. É isso que propõe a exposição
coletiva “Elementos 2023 - Suprarreciclar (Upcycling Art) e Ressignificar –
Arte Sustentável”, no Museu Inimá de Paula, em Belo Horizonte/MG, de 15 de
junho a 30 de julho de 2023, com curadoria de Ligia Moregula.
Por isso, imagens de árvores surgem como representações da
resiliência da terra, mas também podem funcionar como espelhos críticos de
comunidades em que o verde não se faz presente. Existe ainda a força dos
resíduos e do reciclável de funcionarem como ninho de possibilidades de criar e
de expandir ações construtivas. No entanto, máscaras, que protegeram da
pandemia, podem ser usadas de outra maneira, velando interesses como o
consumismo e a ganância.
Uma das maiores temáticas da exposição é o tempo. Não basta
esperar que ele em si mesmo nos leve para uma viagem para um futuro melhor.
Cada bebê que nasce e se desenvolve precisa, metaforicamente, ser o fruto de um
ato de amor e de entrega ao planeta.
Somente assim, arrancando véus de hipocrisia, os resíduos
podem ser de fato o ponto de partida uma sociedade melhor para cada indivíduo,
para a sociedade, para o meio ambiente e para o planeta. Nessa concepção, a
arte presente na exposição não salva apenas simbolicamente, mas, de fato, pode
indicar caminhos para que se tenha a "satisfação" platônica de viver
em um futuro melhor.


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