O termo naif está fortemente vinculado à arte popular nacional e ainda não recebe a merecida valorização e ainda está rodeado por preconceitos. A denominação inclui, de acordo com diversos autores, a produção por artistas não-eruditos, a partir de temas variados, inspirados tanto no meio rural como no urbano.
Nesse sentido, ao se observar o trabalho plástico da artista
mineira Eliana Martins (1943), tem-se geralmente uma visão área de grupos de
pessoas participando de festas populares ou de outros eventos. É no ato de
trabalhar com esses fatos coletivos em locais públicos que a sua manifestação
visual ganha força.
Cabe lembrar que a designação naif, em uma perspectiva
ampla, abrange aqueles que rejeitam as regras convencionais das chamadas belas
artes ou os que não tiveram acesso a elas. As cores vivas, a imaginação, a
estilização e, em alguns casos, um peculiar poder de síntese surgem com uma
técnica que alguns consideram equivocadamente como rudimentar.
O mais fascinante de Eliana está no fato de cada uma de suas
personagens possuir vida própria e integrar uma ópera visual. Ao olharmos
atentamente, é possível perceber que elas realizam alguma determinada ação num
certo contexto. Seus posicionamentos dão-se de maneira a integrar ativamente
uma parte em um todo dinâmico.
Uma das características da obra da artista está nessa
comunhão entre o individual e o coletivo. Não se trata de um diálogo fácil de
pensar ou simples de realizar. A prática adquirida ao longo da execução
permite, no entanto, que seja um processo em boa parte intuitivo, mas que
demanda uma atenção contínua na construção de cada trabalho.
Eliana Martins consegue, assim, com o seu fazer artístico,
dentro da estética naif, um recorte temporal que instaura potentes atmosferas
mágicas, pois leva a esquecer o passado e o futuro. Tudo se preenche
intensamente no ato de realizar e apresentar a sua lúcida e límpida criação
visual.


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